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Professor do IFCE de Crateús tem estudo aprovado em simpósio internacional

Uma das formas mais autênticas de se representar a cultura de um povo é o estudo sobre as suas expressões típicas de linguagem. É com base nessa convicção que o professor Wellington Costa, coordenador do curso de Letras do campus de Crateús, tem conseguido êxito na sua tese de doutorado, em desenvolvimento na Universidade de Évora (Portugal). Daí se originou o trabalho intitulado “Língua Portuguesa, diversidade linguística e identidade dialetal no estado do Ceará”, recentemente aprovado para integrar o VI Simpósio Mundial de Estudos da Língua Portuguesa, que será realizado entre os dias 24 e 28 de outubro, no Instituto Politécnico de Santarém (Portugal). O estudo aborda as expressões regionais relacionadas à culinária cearense.

Para alcançar esses resultados, Wellington vem enfrentando uma barreira desafiadora: a pouca aceitação das expressões regionais como objeto de estudo no âmbito do ensino da língua portuguesa, especialmente na educação básica. “Há muito mais trabalhos de valorização da chamada língua culta, do que propriamente das expressões coloquiais”, lamenta. Ele lembra, inclusive, que essa situação mostra-se oposta à valorização desses elementos na literatura, haja vista a presença fundamental em obras referenciais de autores brasileiros, tais como Raquel de Queiroz e Graciliano Ramos, cuja originalidade é caracterizada pelo uso de “expressões que circulam nos espaços mais modestos da sociedade”.

Segundo o pesquisador, tais barreiras são derivadas do preconceito de um dos ramos que integram os estudos da linguagem. Mas isso não anula os esforços pelo reconhecimento da importância desses objetos de estudo. “Há um grupo de pesquisadores que se dedica a isso e que luta muito para diminuir essa distância, em termos de aceitação entre o que é padrão, socialmente prestigiado, e o que não é socialmente prestigiado ainda”, explica.

Paralelamente, de acordo com o professor, no âmbito dos estudos culturais, esses elementos têm se mostrado como um dos objetos mais promissores. E é nessa linha que o trabalho se desenvolve. “Os estudos culturais partem do princípio de que estudar uma língua é também estudar uma cultura, e a cultura de um povo não é marcada só pelos seus costumes socialmente prestigiados”, argumenta Wellington.

(Elinaldo Rodrigues – Campus de Crateús)

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