Prestes a completar 83 anos, o ator e diretor cearense Haroldo Serra ostenta no currículo feitos suficientes para lhe garantir lugar de referência quando o assunto são as artes cênicas no Estado – entre eles a de ter fundado, em 2957, o grupo Comédia Cearense, cuja legado inclui não apenas um repertório extenso de produções e memórias do teatro local, mas de ações formativas e de fomento à linguagem.
Não satisfeito, um novo projeto do dramaturgo chega agora ao público, com o lançamento de “Chicamilo e outras histórias & Poetar”, livro no qual resgata causos de sua cidade natal, Tamboril, muitas delas contadas a ele pelo avô, Chicamilo. O evento acontece hoje (4), na Livraria Leitura, do shopping RioMar.
Segundo ele, a publicação vem sendo trabalhada há mais ou menos seis meses – tempo que levou para reunir alguns contos já escritos e elaborar outros inéditos.
“Ia colocando no Facebook, as pessoas comentava muito, elogiavam e sugeriam que eu publicasse. Aí resolvi fazer”, recorda, sobre o apoio dos amigos. Esse incentivo foi tão importante que o autor decidiu registrá-lo nas páginas do livro, dedicando uma parte dele apenas para os comentários reunidos ao longo das postagens.
Memórias
“Pensei (no livro) como uma homenagem à minha terra”, resume Haroldo, que garante a veracidade de boa parte dos causos, contadas pelo avô. “Mas sempre dou uma ‘enfeitada’ e coloco certa dose de humor, com um final engraçado”, detalha. Também há histórias que se passam em Fortaleza, onde o ator vive desde os 16 anos.
“Por exemplo, lembro-me de uma vez que, ainda menino, me mandaram buscar leite em uma casa próxima. A gente levava as garrafas vazias e voltava com elas cheias. Bati e uma mulher atendeu. Mas tinha uns olhos meio de gato, estava com a cara coberta de Minâncora e uns ‘pitós’ no cabelo. Tomei um susto, saí correndo e cheguei chorando em casa. Perguntaram-me o que tinha acontecido e eu disse ‘acabei de ver uma onça'”, lembra, rindo.
De outra feita, em Fortaleza, recorda quando trabalhava em uma rádio e precisava abrir a sede bem cedo. “Havia um funcionário muito engraçado, o seu Zé. Certo dia, em casa, antes de ir dormir, avisei a ele: me acorde às 4h da manhã, não pode ser depois disso, porque preciso abrir a rádio às 5h”, narra.
No outro dia despertou com a hora indo já longe. “Perguntei ‘por que não me chamou!?’, e ele respondeu ‘não tive coragem, o senhor estava num soninho tão bom'”.
Além de Fortaleza, Haroldo Serra também vai lançar o livro em Tamboril e no Rio de Janeiro. E mal traçou a agenda de divulgação deste trabalho, já tem outro decidido. “Já estou escrevendo meu próximo livro, ‘Contos quase inocentes'”, postou recentemente no Facebook.
(Com informações do Diário do Nordeste)