Regionais

Tamboril e 45 municípios estão em regime de contingência.

Até este mês, pelo menos 46 municípios permanecem em regime de contingência na oferta de água para o abastecimento dos moradores. Outros 105 estão com garantia de fornecimento do recurso hídrico até a próxima quadra chuvosa em 2018. Os dados são da Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece), que atende a 151 cidades da Região Metropolitana de Fortaleza e do Interior. Outras 33 são abastecidas por sistemas autônomos municiais (SAAE).

Se não chover logo, o número de cidades que enfrentam as chamadas medidas de contingência deve aumentar. A situação mais crítica de abastecimento ocorre em Acopiara, Alto Santo, Aracati, Araripe, Aratuba, Baixio, Beberibe, Campos Sales, Cariús, Cascavel, Catarina, Catunda, Crateús, Ererê, Farias Brito, Ibaretama, Ibicuitinga, Independência, Ipaumirim, Iracema, Itapiúna, Jaguaretama, Jaguaruana, Mombaça, Monsenhor Tabosa, Mulungu, Nova Olinda, Pacoti, Palmácia, Parambu, Pereiro, Piquet Carneiro, Potengi, Potiretama, Quixeré, Reriutaba, Russas, Salitre, Senador Pompeu, Tamboril e Umari.

O esforço do governo do Estado é de encontrar soluções conjuntas para manter o abastecimento por várias ações que incluem perfuração de poços profundos e rasos, instalação de adutoras de montagem rápida, recuperação de antigos cacimbões, instalação de dessalinizadores, aeradores para retirada do excesso de ferro, distribuição por carros-pipa, implantação de chafarizes, do poço de Jacó (escavação de um enorme buraco em áreas de aluviões), feito, por exemplo, em Quixeramobim, e redução de pontos de vazamentos.

Alerta

O diretor de Unidades de Negócios do Interior da Cagece, Hélder Cortez, disse que a situação hídrica no Estado continua sendo de alerta. “Não temos registro de um ciclo de seca de seis anos seguidos, de enormes dificuldades para manter o abastecimento das cidades”, observou. “Antes enfrentamos períodos de dois, até quatro anos, mas com esse prolongamento não me recordo. É a situação mais difícil que estamos passando”.

O temor dos técnicos é de continuidade do atual ciclo de chuvas abaixo da média, dificultando ainda mais o abastecimento dos centros urbanos. “Esperamos que acabe e essa é a nossa expectativa. Vamos aguardar para janeiro a previsão da Funceme”, disse Hélder Cortez. O Castanhão, maior açude do Ceará, tem menos de 3% de suas reservas. Se persistir para sete anos o atual ciclo de estiagem haverá grandes dificuldades para manter o abastecimento de dezenas de cidades no Interior. Muitos mananciais estão no limite da próxima quadra chuvosa (fevereiro a maio).

Durante o período chuvoso passado, houve melhoria do nível de açudes nas Bacias Hidrográficas das regiões Metropolitana, Litoral, Coreaú e Acaraú, que ficam no Norte do Estado. Entretanto, o quadro permaneceu crítico, ou seja, sem recarga no Centro e no Sul do Estado, onde estão os principais reservatórios (Orós, Castanhão e Banabuiú) e as nascentes de seus rios (Jaguaribe e Salgado). Inhamuns e os Sertões de Crateús também sofrem com a escassez de água e dependem de transferência por meio de adutoras.

“A crise está nos ensinando e hoje o processo é de inclusão, busca de várias alternativas conjuntas, perfurando poços em açudes e rios secos”, observou Cortez. “A situação do Estado não é mais grave porque o Ceará se preparou e a crise e soluções são discutidas todas as semanas no Comitê da Seca e no Grupo de Trabalho de Contingência”.

Precaução

A Cagece tem tido a precaução de continuar a trabalhar junto à população a prática do uso consciente da água. “Uma grande lição que temos aprendido com esses seis anos de seca no Estado é que devemos continuar usando a água de forma consciente. A seca no Ceará, no Nordeste é um fenômeno cíclico. A gente observa que, nas últimas três décadas, o Estado teve mais anos de seca do que de chuvas. Por isso é tão importante aderirmos a uma nova cultura em relação ao uso da água”, observou Hélder Cortez.

O diretor de Unidades de Negócio do Interior da Cagece disse que faz uma separação entre os municípios que se encontram em situação de restrição da oferta de água. “Há um grupo de sete municípios que formam a contingência metropolitana da Capital, pois usam a água de um mesmo manancial”, pontuou. “Os demais têm fontes diversas, açudes, poços, adutoras”.

Para amenizar os efeitos severos provocados pela seca, o governo do Estado ampliou a perfuração e utilização de poços com distribuição de água por meio de chafarizes. Em várias cidades, há colocação de enormes caixas, reservatórios de polietileno em praças e ruas para coletar água de carros-pipa e posteriormente distribuir para os moradores. É o caso de Pereiro, Catarina, Pedra Branca e Boa Viagem.

Além dos 155 açudes monitorados e gerenciados pela Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh), o governo estadual tem utilizado também reservatórios particulares, por meio de negociações. Na medida em que os açudes que normalmente abastecem as cidades vão se exaurindo por conta da seca, os mananciais alternativos vão assumindo o lugar de forma a garantir o abastecimento por mais tempo.

(Diário do Nordeste)

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