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Mulheres pegam mais Covid-19 no Ceará, mas homens são os que mais morrem

As mulheres representam maioria expressiva entre as pessoas que tiveram confirmação de contágio pelo novo coronavírus no Ceará. Até a tarde de ontem, eram 379.713 entre os 688.026 casos confirmados. São 55,2% dos contágios. Os homens, por sua vez, são 305.767 casos. São 73,9 mil casos a menos entre homens, o que significa 24% a mais de confirmações da Covid-19 no sexo feminino.

Todavia, em relação às mortes a situação se inverte. Morreram até ontem 9.909 homens com Covid-19 no Estado. Entre as mulheres, foram 7.867. São 2.042 mortes de homens a mais que as de mulheres, no universo de 17.844 óbitos — 68 têm sexo da vítima não informado. Isso apesar de as mulheres pegarem mais a doença. Vítimas do sexo masculino representam 25,9% a mais de casos. Os dados são da plataforma IntegraSUS, da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa).

A taxa de letalidade média da Covaid-19 no Ceará é de 2,6%. No Brasil, é de 2,8%. Consideradas apenas as mulheres cearenses, a letalidade fica abaixo da média do Estado e também do Brasil: é de 2%. Já quando são computados somente os homens, a taxa supera a média estadual e nacional: 3,2%.

O epidemiologista Marcelo Gurgel, professor da Universidade Estadual do Ceará (Uece), explica que historicamente os homens já possuem expectativa de vida inferior à das mulheres.

“Não é surpresa. Estou com um trabalho que foi encaminhado para a publicação e, no quinquênio de 2016 até 2020, nós tivemos sempre mais óbitos de homens do que de mulheres. Inclusive, em 2020, ano em que aparece a Covid-19, nós tivemos 39.534 mortes de homens no Ceará, contra 29.708 de mulheres. Então, temos uma diferença de 33%”, relata Gurgel.

O especialista conta que o levantamento elaborado mostra que essa diferença aumenta quando se compara a mortalidade de homens e mulheres por Covid-19, no Estado. “Em 2020, quanto à taxa de mortalidade por Covid, em nosso estudo, apontamos que a mortalidade total é de 136,8 por 100 mil pessoas, considerando homens e mulheres. Sendo que a de homens é 160,2, contra 114,8 de mulheres. Fazendo essa conta, temos 40% a mais de mortalidade por Covid-19 em homens.”

O professor explica que o período considerado pelo estudo foi de 15 de março de 2020 a 15 de março de 2021, para que o trabalho pudesse abranger o período de um ano da pandemia no Ceará. Gurgel também atribui a diferença na taxa de mortalidade à demora de alguns homens na procura de auxílio médico.

“É possível que tenha algum tempo de retardo de diagnóstico ou de busca de atendimento, porque temos um vírus muito agressivo. É possível também que isso seja o retrato da presença de comorbidades em homens, que é mais proeminente do que em mulheres. O aspecto cultural do atraso da busca de atendimento médico pode fazer com que os homens demorem mais a buscar esse auxílio”, explica.

(O POVO)

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