Até o fim deste mês, deve ser lançado o edital de chamamento público para a iniciativa privada com o objetivo de suprir demandas complementares em ações e serviços de saúde no Ceará, segundo o titular da Secretaria Estadual da Saúde (Sesa), Henrique Javi. Cerca de 12 mil pacientes devem ser beneficiados com cirurgias de alta complexidade em ortopedia, cardiologia e neurologia, além de outras especialidades. Conforme levantamento do Conselho Federal de Medicina (CFM), divulgado em dezembro de 2017, 18.434 pessoas aguardavam procedimentos cirúrgicos no Estado.
Agudas.
Questionado sobre os gargalos para a resolução da fila, Henrique Javi afirmou que as cirurgias eletivas (aquelas que podem ser marcadas com antecedência) são constantes na rede, mas que não se pode negligenciar, “de forma alguma”, as condições agudas que exigem tratamento cirúrgico. “Se uma cirurgia foi suspensa, foi para beneficiar outra pessoa. O que mede o sistema não é a emergência, mas tudo o que foi feito. O sistema público não é o vilão. Ele sofre as consequências de imperativos que estão fora dele”, defende o secretário da Saúde.
O anúncio do edital foi feito durante a apresentação do balanço das ações estaduais de saúde em 2017, nesta quinta-feira (8). Segundo o gestor, o ano fechou com 65.840 cirurgias realizadas, número 12% maior que o contabilizado em 2016, quando ocorreram 58.577 procedimentos. Por outro lado, o número de transplantes caiu de 1.874, em 2016, para 1.518 no ano passado. A justificativa para a redução foi o fim da fila de espera para transplantes de córnea.
A Pasta comemorou ainda a marca recorde de mais de 100 mil internações na rede hospitalar estadual (ante 98.888 do ano anterior), além da queda no índice de mortalidade intra-hospitalar. “Não existe um corte abrupto de ações. O resultado está aí. Atendemos a mais pessoas no Ceará do que em qualquer outro ano, em meio a graves dificuldades”, declarou o secretário.
Desabastecimento.
No fim do ano passado, denúncias da população e do Sindicato dos Médicos do Ceará davam conta da falta de insumos e medicamentos em diversos hospitais da rede estadual do Ceará, como o Hospital Geral de Fortaleza (HGF), o Hospital Dr. Carlos Alberto Studart Gomes (Hospital do Coração) e o Hospital Infantil Albert Sabin (Hias). Para o secretário da Saúde Henrique Javi, há um problema crônico no sistema de financiamento nacional da saúde que se tornou mais visível nos últimos três anos.
“A crise econômica atingiu vários setores, mas, no Ceará, o Governo tentou manter o ritmo das ações”, disse o titular da Sesa. Ainda assim, segundo o secretário, é preciso enfrentar problemas graves como a descontinuidade na produção de algumas substâncias por parte dos laboratórios farmacêuticos. Segundo ele, só no ano passado, 11 antibióticos tiveram fabricação suspensa ou cancelada junto à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
“Essa descontinuidade tem impactado em toda a rede de saúde nacional, não só no Ceará. Não é falta de recursos financeiros, é a matéria-prima que é inexistente. Os empenhos são feitos, a compra é realizada, mas o fornecedor fica sem condições de entregar”, explica.
Nesses casos, segundo o secretário Henrique Javi, os especialistas precisam adequar o protocolo de atenção ao paciente à falta do medicamento.
(Diário do Nordeste)